Os Conflitos em Empresas Familiares e o Papel da Mediação
- Izabel Massaneiro
- 28 de out. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de jul. de 2023
Os conflitos são inerentes à natureza humana de forma geral, e devem ser analisados de forma individualizada à cada pessoa, mas nas empresas familiares, determinadas situações conflituosas muitas vezes ameaçam a sobrevivência dos negócios. Muitos casos de falências estão diretamente ligados a conflitos internos da família. ⚖️
As empresas familiares sempre fizeram parte dos negócios no Brasil. Estima-se que este tipo de esfera empresarial representa 80% das 19 milhões de companhias que existem no país. Infelizmente, a complexidade entre os negócios e vínculos parentais fazem com que a maioria das empresas familiares não sobrevivam, principalmente quando se trata da troca de comando sucessório da primeira para a segunda geração familiar.
De cada 100 empresas familiares, somente 1/3 alcançam vitória na sucessão entre as gerações, as demais geralmente têm outros desfechos, ou a venda, aluguel, ou o encerramento das atividades, etc.
Considerando que há uma cadeia de interessados que dependem daquela empresa familiar, tanto os sócios, quanto funcionários, fornecedores, entre outros, a profissionalização e a sucessão da empresa familiar torna-se algo de extrema importância.
A gestão da empresa familiar é muitas vezes marcada por conflitos de natureza pessoal, principalmente quando a esfera sucessória da administração empresarial se dá entre irmãos, ou entre pais e filhos. Em relação aos irmãos é fácil compreender de onde surgem os conflitos, afinal, os pais não educam os irmãos para serem sócios uns dos outros, e assim, muitas vezes o interesse pessoal de cada um acaba se sobrepondo à gestão da empresa, acarretando diversos riscos e prejuízos para todos os envolvidos.
Uma empresa familiar cujos pais são os fundadores, assim que estes se retiram da administração, os irmãos têm de começar a se enxergar como sócios, e na prática é raro esta transição ocorrer de forma tranquila. A sociedade empresarial, nestes casos, é IMPOSTA, não só do ponto de vista jurídico, mas também do ponto de vista comportamental.
A profissionalização societária deve ser sempre bem instruída para que irmão aprendam a conviver como sócios numa gestão empresarial, com foco na administração, na profissionalização e governança, pois, se os sócios não forem profissionais, não há empresa que funcione.
Muitas vezes, quando feita em vida, a sucessão empresarial tende a ser mais tranquila, pois é feita ao longo de anos mediante um processo com apoio familiar, muitas vezes dos próprios fundadores da empresa. Esta modalidade de sucessão costuma alcançar sucesso ante os casos em que a sucessão é feita de maneira abrupta, no qual os herdeiros assumem a gestão sem nenhum tipo de preparo. Se a maior característica da empresa familiar é o conflito, pode-se dizer que o maior desafio é a sucessão.
Outra característica marcante nos conflitos empresariais familiares são as diferenças geracionais entre pais e filhos. Duas visões de mundo diferentes, em tese, poderiam expandir o crescimento da empresa e trazer novos ideais, podendo aumentar os lucros, mas na prática o crescimento e expansão empresarial por muitas vezes não passa por um diálogo compreensivo entre ambas as partes, não há um reconhecimento sobre esses membros da família, e por muitas vezes há uma disputa por poder, preferência e dinheiro entre os parentes.
Pois bem. Ante este quadro, como pode haver a redução dos conflitos empresariais, numa esfera onde há também conflitos familiares extremamente complexos? A eliminação total dos conflitos é muito difícil, mas SIM, estes podem ser reduzidos. A começar pela comunicação... A comunicação entre os sócios numa empresa familiar tem que ser fluida, respeitosa, transparente. A mediação muitas vezes auxilia neste quesito. É importante compreender o conflito a partir da origem, e um mediador, ao profissionalizar a resolução deste conflito, pode fazer perguntas de esclarecimento, ajudar a organizar as conversas de forma imparcial e em um contexto colaborativo e sigiloso.
A mediação em empresas familiares é uma forma de prevenir e também solucionar conflitos, muitas vezes de maneira tranquila e segura, onde são pautados os pontos estratégicos na qual precisa haver mudança ante a gestão empresarial, ao passo que conforme problemas familiares vêm à tona, também são tratados da melhor forma possível.
A mediação utiliza um conjunto de técnicas que, quando bem aplicadas, impactam positivamente no resultado da administração empresarial. Ao elaborar uma pauta conjunta e manter a discussão de forma produtiva, a mediação empresarial traz o foco para as necessidades da administração e nas alternativas para resolução de diversas questões postas à mesa, sendo assim um método de gestão de conflitos capaz de reduzir os prejuízos e preservar os relacionamentos.
Com efeito, a mediação é mesmo uma importante e poderosa ferramenta, no qual as famílias empresárias precisam conhecer e valer-se não só com foco a solucionar problemas empresariais e desgastes, mas também organizar e implementar uma boa governança e administração empresarial, que estruture e organize a gestão dos negócios, preservando o patrimônio e também os laços familiares.
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E na dúvida, consulte sempre uma advogada de confiança!
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